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Poeta, republicana, abolicionista e feminista do século XIX: Narcisa Amália de Campos

Por que sou forte

Dirás que é falso. Não. É certo. Desço
Ao fundo d’alma toda vez que hesito...
Cada vez que uma lágrima ou que um grito
Trai-me a angústia - ao sentir que desfaleço...
E toda assombro, toda amor, confesso,
O limiar desse país bendito
Cruzo: - aguardam-me as festas do infinito!
O horror da vida, deslumbrada, esqueço!
É que há dentro vales, céus, alturas,
Que o olhar do mundo não macula, a terna
Lua, flores, queridas criaturas,
E soa em cada moita, em cada gruta,
A sinfonia da paixão eterna!..
- E eis-me de novo forte para a luta.

Explicação do Poema:
O eu lírico revela a força feminina que se alimenta precisamente do que poderia ser sua fraqueza: emoção e sensibilidade. 

Esse poema possui uma estrofe, quatorze versos e cinco rimas ("hesito" e "grito", "desço" e "desfaleço", "bendito" e "infinito", "alturas" e "criaturas", "terna" e "eterna", " gruta" e "luta").

× Biografia ×

http://anais.anpuh.org/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S22.274.pdf

Nasceu em 3 de abril de 1852, em São João da Barra, norte do Rio de Janeiro, filha do poeta Jácome de Campos e da professora primária Narcisa Inácia de Campos. Aos 11 anos muda-se com a família para Resende e aos 14 anos casa-se com João Batista da Silveira, artista ambulante de vida irregular, de quem se separa alguns anos mais tarde.
Aos 20 anos, escreve “Nebulosas”, poemas de exaltação à natureza, à pátria e de lembranças da infância da “jovem e bela poetisa”, como definiu Machado de Assis.
   Narcisa foi criada num ambiente liberal, o que marcaria toda sua obra – tanto na poesia quanto na prosa, destacadamente nos seus artigos na imprensa. Criticava  violentamente em seus artigos  a escravidão que ainda imperava no Brasil , escrevendo também a favor da instauração da República.  Por suas posições intrépidas e arrojadas, inclusive denunciando a situação de inferioridade em que vivia a mulher brasileira, mostrando-se pioneira também no feminismo, Narcisa foi alvo de críticas da sociedade resendense conservadora, católica, monarquista, escravocrata e machista. Sua importância como articulista feminina hoje se reflete nas referências a ela como no livro da autora Mary de Del Priore  Castelo de Papel que a coloca entre as três mulheres mais importante na imprensa feminina que bradava contra a escravidão, junto de Maria Firmina dos Reis, Chiquinha Gonzaga e naturalmente ela Narcisa Amalia  Campos.

Publicou artigos como “A emancipação da mulher” e “A mulher no século XX” obras muito a frente do tempo para o entendimento do público da época

Em 1880, aos 28 anos, casa-se pela segunda vez com Francisco Cleto da Rocha, também chamado de Rocha Padeiro, dona da “Padaria das Famílias”, em Resende Nos primeiros anos ajuda o marido, mas continua a receber em seus saraus os amigos literatos em sua casa como Raimundo Correia, Luís Murat, Alfredo Sodré e inclusive o Imperador Dom Pedro II que em sua passagem à Resende, vai visitar “a sublime padeira” , por estar ansioso “por lhe provar...do pão espiritual” embora seja ela a poetisa fervorosa republicana e abolicionista.
Seu casamento com Rocha Padeiro também não dura muito e com sua separação é obrigada a deixar Resende, cidade que considerava sua terra, pressionada por campanha maledicente promovida pelo ex-marido enciumado.
Muda-se para a Capital e dedica-se ao magistério, e em 13 de outubro de 1884, funda um pequeno Jornal Quinzenal, “o Gazetinha”, suplemento do Tymburitá que tinha como subtítulo, “folha dedicada ao belo sexo”.
Narcisa Amália foi à primeira mulher no Brasil a se profissionalizar como jornalista, alcançando projeção em todo o país com artigos em favor da Abolição da Escravatura, defensora da mulher e dos oprimidos em geral.
Narcisa faleceu no dia 24 de junho de 1924 aos 72 anos, pobre, cega e paralítica, sendo seu corpo sepultado no cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro. Antes de sua morte, deixou um apelo:
“Eu diria à mulher inteligente [...] molha a pena no sangue do teu coração e insufla nas tuas criações a alma enamorada que te anima. Assim deixarás como vestígio ressonância em todos os sentidos.” 


Poeta Brasileira: Francisca Júlia da Silva Munster

Musa Impassível

Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho, e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.

Em teus olhos não quero a lágrima; não quero
Em tua boca o suave o idílico descante.
Celebra ora um fantasma anguiforme de Dante;
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.

Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;
A rima cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe limpa e viva;

Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,
Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.

Explicação do Poema:

"Musa Impassível” há um clamor para que a musa mantenha a mais glacial indiferença diante do sofrimento humano, sendo assim, não demostrando os seus sentimentos sobre a situação.

O poema possui quatro estrofes, quatorze versos e sete rimas ("sincero" e "austero", "semblante" e "diante", "quero" e "Homero", "descante" e "Dante", "atrativa" e "viva", "crebra" e "quebra", "ruídos" e "partidos").

× Biografia ×

Muito pouco se escreveu sobre o maior vulto feminino do parnasianismo brasileiro. Num universo inteiramente dominado por poetas do chamado sexo forte, Francisca Júlia provou que mulher também sabia fazer poesia de qualidade. Desde a infância, Francisca Júlia já demonstrava pendor para a poesia. O ambiente familiar a isso contribuía: o pai, Miguel Luso da Silva, era advogado provisionado, amigo particular dos livros; a mãe, Cecília Isabel da Silva, professora na escola de Xiririca (hoje Eldorado, no Vale do Ribeira, Estado de São Paulo). Foi nessa aprazível cidade às margens do Rio Ribeira de Iguape que, a 31 de agosto de 1871, nasceu a poetisa Francisca Júlia da Silva. O ano de seu nascimento é um tanto contraditório: alguns citam 1874, outros 1875. De acordo com o irmão de Francisca, o também escritor Júlio César da Silva, a quem devemos dar crédito, o ano correto é mesmo 1871.

Em 1895, apareceria seu primeiro livro, Mármores, reunindo sonetos publicados n'A Semana de 1893 até aquele ano, custeado pelo editor Horácio Belfort Sabino. Prefaciado por João Ribeiro, o livro causou sensação nas rodas culturais de São Paulo e Rio de Janeiro. Olavo Bilac, numa crônica emocionada, destacou: "Em Francisca Júlia supreendeu-me o respeito da língua portuguesa, — não que ela transporte para a sua estrofe brasileira a dura construção clássica: mas a língua doce de Camões, trabalhada pela pena dessa meridional, — que traz para a arte escrita todas as suas delicadezas de mulher, toda a sua faceirice de moça, nada perde da sua pureza fidalga de linhas. O português de Francisca Júlia é o mesmo antigo português, remoçado por um banho maravilhoso de novidade e frescura." A Semana era uma das revistas mais conceituadas que então se editava na Capital Federal. Dirigida por Valentim Magalhães, tinha como redatores ilustres escritores da época: João Ribeiro, Araripe Júnior e Lúcio de Mendonça. A estréia de Francisca Júlia na revista provocou grande alvoroço: os redatores não acreditavam que uma mulher pudesse escrever versos tão perfeitos. Não foi sem razão que João Ribeiro exclamou: "Isto não é verso de mulher! Deve ser uma brincadeira do Raimundo Correa!..." 

Encantado com esse talento literário que emergia, João Ribeiro prefaciaria o livro Mármores. Ombreando-a à trindade parnasiana, Ribeiro escreveu: "Nem aqui, nem no sul nem no norte, onde agora floresce uma escola literária, encontro um nome que se possa opor ao de Francisca Júlia. Todos lhe são positivamente inferiores no estro, na composição e fatura do verso, nenhum possui em tal grau o talento de reproduzir as belezas clássicas com essa fria severidade de forma e de epítetos que Heredia e Leconde deram o exemplo na literatura francesa." 

Apesar de parnasiana na forma, Francisca Júlia também teve alguma passagem pelo simbolismo, introduzido no Brasil nessa última década do Século XIX. A exemplo de Mármores, seu novo livro foi igualmente aplaudido pela crítica. Aristeu Seixas não poupou elogios: "Nenhuma pena manejada por mão feminina, seja qual for o período que remontemos, jamais esculpiu, em nossa língua, versos que atinjam a perfeição sem par e a beleza estonteante dos concebidos pelo raro gênio da peregrina artista." 

Na segunda década do século, Francisca Júlia já era uma poetisa há muito consagrada. Aos 46 anos recebe talvez a maior homenagem que lhe prestaram em vida, quando um grupo de admiradores organizou em 1917 uma sessão literária e ofereceu seu busto à Academia Brasileira de Letras. Era a consagração da talentosa artífice de versos, da "Musa Impassível", como ficou conhecida.

Acometido de tuberculose, após demorado tratamento, Filadelfo Munster faleceu em 31 de outubro de 1920. A perda do companheiro tão querido foi arrasadora para a sensível poetisa, cuja emoção não pode conter, em nada demonstrando ser a autora daqueles versos frios, impassíveis. Confessou aos amigos que sua vida não tinha mais sentido sem a companhia do marido e deixou claro que "jamais poria o véu de viúva" (seria uma indicação de suicídio?). Retirou-se para repousar em seu quarto e ingeriu excessiva dose de narcóticos. No dia seguinte, ao abraçar o caixão onde jazia o corpo inerte do esposo, num último e emocionado adeus, Francisca Júlia falecia aos 49 anos. Seu corpo foi enterrado no Cemitério do Araçá, em São Paulo, ao meio-dia de 2 de novembro.

A despeito da importância incontestável de sua obra, Francisca Júlia ainda não ocupa o lugar que lhe é devido no cenário da poesia brasileira, talvez por "esquecimento" dos estudiosos da literatura brasileira e dos críticos literários em geral. Nos livros didáticos adotados nas escolas secundárias e nas universidades, pouco ou nada se encontra sobre a poetisa e sua obra. É uma falta de respeito à sua memória e uma dívida a ser resgatada com a literatura de língua portuguesa.


     
 
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