Notes

Prólogo
Uma mulher a procura de sua mente

Que rosto pálido; desfavorecido. Pensou em quanto se recostava, com olhos fixos a sua frente e com o tatear a procura de um cigarro. O espelho se encontrava aos pés de sua cama, perspicaz e julgador. Percebeu então que a temporária liberdade experimentada pelo gosto da fumaça já não era mais eficaz; sentiu dor novamente. E não falo daquele tipo de dor que se pode esperar passar rapidamente; a dor era constante, antiga e talvez vitalícia. Sofria de uma das piores moléstias que se pode encontrar no ser humano, a moléstia da mente. Sim, digo isso com toda certeza, pois se somos nossa mente, quem somos se não temos controle da mesma? Uma pluma largada ao vento, que não sabe onde vai parar, apenas voa.
Resolveu levantar, a cama a afligia, pois deixava muito espaço para devaneios e dores antigas. –Se a mente pode ser tão confusa, porque as memórias têm que ser tão vívidas e concretas? - Pensou consigo mesma.
– QUEM SOU EU? – Gritou, mas não havia ninguém ali para responder ou dar vida ao grito de Angélica.
- Meu nome. Ao menos isso eu sei, a única coisa certa a meu respeito se resume ao meu nome e nem mesmo fui eu quem o deu. – Falou em tom ríspido, mas as palavras morreram na fria parede branca.
Enquanto caminhava em direção ao banheiro faiscavam em sua mente lembranças de tempos agora distantes.
- Quem sou eu? – Disse agora em volume quase inaudível, dito que era um sussurro da boca e um grito da alma.
Cambaleou tonta e caiu no piso frio de seu banheiro, a mente agora começava a se distanciar daquele banheiro fétido, o tempo voltava e podia ver nitidamente. Ele estava ali novamente.


Capitulo I
Incompreensão

Era inverno e estava de pé na varanda com um copo de café na mão, ele se aproximou dela carinhosamente e tocou suas costas com a palma de sua mão, ela sentiu um leve calafrio e se virou em sua direção. Mas o olhar que recebe não é de apreço e pouco combina com o toque suave que recebera a pouco.
Foi rápido, ela nem percebeu, só sentiu a fria lâmina em sua barriga. Um corte da carne e dilaceramento do espírito. Uma lagrima escorre de seu rosto enquanto, cai de joelhos.
- VADIA BURRA, achou mesmo que eu te amava? Sua louca! Demente! Vou levar tudo e te deixar pra morrer como a porca que é!
Não podia crer, o sangue esvaia de seu corpo através do ferimento criado pela faca de seu agressor, não conseguia compreender o que estava acontecendo. – Mas ele me ama. – Pensava consigo mesma. – Não pode ser verdade, não pode, não pode!
Perdera todo dinheiro que ganhara de seus pais, mas sobrevivera graças a curiosidade e falta de ocupação da vizinha que fazia com que a mesma perdesse horas a observar os apartamentos vizinhos.
-Foi naquele dia. - Pensou consigo mesma. Voltando a realidade do chão frio de seu banheiro. – Eu morri naquele dia.
Devo lhes fazer um ressalvo de uma ideia que me salta a mente por muitas situações na vida, a de que: nenhuma virtude pura pode sobreviver a agressividade do homem por muito tempo. O mundo molda a troco de ser moldado. Não existe de maneira nítida o compositor definitivo das ideias gerais e do chamado senso comum.