Notes

Tem sido tão difícil. Tu não imaginas como é que eu tenho passado aqui. Longe de tudo e todos. Esta cidade tornou-se estranha para mim, as pessoas estranhas para mim. Já nada faz absolutamente sentido nenhum. Eu nunca devia ter vindo para aqui. Devia ter ficado em Lisboa. Não porque é mais confortável mas porque Viena me tirou mais do que me deu. Não sabia que era possível estar completamente morto por dentro a este ponto. Eu sempre pensei que conseguíssemos separar as circunstâncias em que estávamos do que sentimos um pelo outro. Infelizmente não foi possível para ti. Não foste a única a sentir distância. Eu próprio o senti. Mas disse-to mais do que uma vez. E a solução para quando sentes distância não é afastar as pessoas para saberes se sentes falta ou não. É aproximares-te, cuidares, amares, quereres saber, para quebrares toda e qualquer barreira que crias. Porque amor é quereres cuidar. Sempre te dei todas as razões do mundo para ficares. Sempre tivemos algo diferente. Foste a única pessoa pela qual eu abri a caixinha e deixei que alguém entrasse aqui e ficasse. E de ti senti que nunca sentiste algo assim por alguém e que para ti era tudo novo. Sempre demos um jeito em todos os desafios que nos meteram à frente. Sempre fomos os dois fortes e sempre demos as mãos sempre que algo surgia. E para mim, esse teu sentimento em relação a mim não foi embora. Quando cheguei em novembro e te vi também foi diferente do que quando nos vimos pela primeira vez depois de chegares em 2015, mas eu entendo que tenha sido assim. Na primeira foi como se nunca nos tivéssemos separado. Sempre todo o dia a falar incessantemente, skypes de 7 ou 8 horas a olhar para a cara um do outro. Desta vez tu não estiveste disponível para isso e as coisas foram muito diferentes. Eu sabia que se tinha criado uma distância, mas pensei que fossemos os dois fortes para darmos um jeito como sempre demos. Não me consigo imaginar sem ti. Tens me feito imensa falta. Um beijinho grande do teu guga.