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BRASÍLIA- Um programa do governo federal de prevenção ao uso de drogas, aplicado a adolescentes de escolas públicas, levou ao aumento de 30% do risco de esses jovens fazerem uso do álcool pela primeira vez, em comparação com alunos não expostos ao projeto. O efeito foi inesperado e diametralmente oposto a um dos objetivos do programa: adiar ou evitar o primeiro uso de substâncias psicoativas. As aulas do #Tamojunto, programa desenvolvido pelo Ministério da Saúde desde 2013, acabaram por despertar a curiosidade pelo álcool entre estudantes de 12 e 13 anos. O governo decidiu suspender o programa.

Quando tinham em torno de 11 anos, quase 30% dos alunos disseram que já tinham tomado um gole de álcool
Crianças que provam bebida álcoolica dos pais podem começar a beber mais cedo
Infográfico mostra o que acontece com o organismo quando se ingere grandes quantidades de álcoolMorte de estudante expõe abusos em gincanas alcoólicas de festas universitárias
A constatação está em estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), financiado pelo próprio Ministério da Saúde e publicado em março na revista científica “Prevention Science”. Liderada pela professora do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp Zila Sanchez, a pesquisa identificou que, entre adolescentes que participaram do programa e que nunca tinham bebido, houve uma maior quantidade de jovens que experimentaram álcool durante os nove meses de acompanhamento, em comparação com adolescentes de escolas onde não existia o #Tamojunto.

O achado da pesquisa, que envolveu 3,3 mil alunos expostos ao programa e outros 3,3 mil não expostos — grupo de controle para comparação —, revela a complexidade da discussão sobre prevenção do uso de drogas com opúblico adolescente. Adaptação do “Unplugged”, um bem-sucedido programa de prevenção europeu, o #Tamojunto é uma das primeiras políticas públicas efetivas de prevenção ao uso de drogas entre crianças e adolescentes.


#TAMOJUNTO
Projeto foi inspirado em programa de sucesso na Europa
O PROJETO
REFLEXOS
METODOLOGIA
Em avaliação comparativa entre 3,3 mil alunos expostos ao programa e 3,3 mil não expostos, contastou-se que:
Doze aulas semanais com duração média de uma hora e meia, ministradas por professores do 8º ano a meninos e meninas entre 12 e 13 anos. Eram compostas por dinâmicas de grupo, jogos, debates e informações sobre o uso de drogas, com foco em prevenir a transição do uso esporádico para o frequente.
Fonte: Unifesp
— Não dá para destruir essa história sem colocar nada no lugar. O modelo original era bom. Algo aconteceu na implantação — diz Zila.

Leia mais: "Não se pode apenas importar um programa", afirma Zila Sanchez

A implantação de programas de prevenção, o #Tamojunto entre eles, foi feita em 2013 pelo Ministério da Saúde, a partir de uma parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Coube ao escritório da ONU apresentar modelos exitosos fora do Brasil, como o “Unplugged”. À execução somou-se o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad). A Fiocruz participou de ações de formação.

Entre fevereiro e novembro de 2014, as pesquisadoras de Unifesp e UFSC conduziram a pesquisa para avaliar os primeiros resultados. Em 2015, um relatório — no qual constava o dado sobre álcool — foi enviado ao Ministério da Saúde. A pasta fez correções e expandiu o projeto para mais cidades, sem novas avaliações.

As pesquisadoras sugerem que a expansão do programa seja reavaliada, diante do resultado negativo entre adolescentes brasileiros, ao contrário do constatado com os europeus. O Ministério da Saúde decidiu suspender a expansão do #Tamojunto, baseado na pesquisa.

O projeto está em 16 cidades de seis unidades da federação — São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Acre, Ceará e Distrito Federal. Para este ano, o plano era chegar a 14 estados, com gastos de R$ 8 milhões. No ano que vem, o #Tamojunto chegaria às 27 unidades da federação, a um custo de R$ 9,4 milhões.

MATERIAL FOI ALTERADO

O Ministério da Justiça decidiu suspender a execução do projeto. As duas pastas avaliam o que será feito com programas de prevenção. A Fiocruz também suspendeu suas atividades relacionadas ao #Tamojunto. A Fundação informou que “avalia com preocupação os resultados apresentados, uma vez que tratam de um grupo populacional vulnerável”.

O #Tamojunto envolve 12 aulas dadas por professores do 8º ano do ensino fundamental. Semanais e com duração de uma hora e meia, elas contam com dinâmicas de grupo, jogos, debates e informações sobre o uso de drogas, com foco em prevenir a transição do uso esporádico para o frequente.

A pesquisa da Unifesp e da UFSC foi feita em 72 escolas públicas de seis cidades: São Paulo, São Bernardo do Campo (SP), Florianópolis, Tubarão (SC), Fortaleza e Brasília. O estudo concluiu que o programa não influenciou no uso de outras drogas dentro do período de análise. Variações ocorreram para álcool e substâncias inalantes. Para o primeiro, houve incremento de 30% no risco de experimentar bebidas alcoólicas. Para os inalantes, o contrário: o #Tamojunto levou a uma redução de 22% no risco dessa experimentação, em comparação com os estudantes que não tiveram aulas do programa.

— O dado sobre álcool foi de fato ruim. Nosso objetivo eram crianças de 13 anos, e o programa foi aplicado a alunos de 12 anos. As crianças acabaram despertando para a experimentação. A expansão foi feita com a correção da idade e ancorada em indicadores qualitativos. É um programa de formação, que transcende a questão do álcool — afirma o professor da Unifesp Roberto Tykanori, que era o coordenador de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde quando o #Tamojunto foi implementado e expandido.

Uma das hipóteses para o resultado ruim com o álcool é que o programa brasileiro alterou sentenças de uma das lições do programa. A expressão “Não beber álcool porque não é saudável (...) especialmente em sua idade” foi excluída, enquanto foram incluídas expressões mais reflexivas como: “Por que algumas pessoas bebem álcool mas não ficam bêbadas?” e “O que pode ser feito para você não se tornar um dependente do álcool?”. Outras possibilidades são a permissividade com a lei que proíbe venda de álcool a menores de 18 anos, a baixa qualidade das escolas públicas brasileiras, a inadequada qualificação dos professores e uso de técnicas pouco familiares aos educadores. A pesquisa constatou que apenas 57% das aulas dadas foram finalizadas da maneira como está especificado no programa.

“No Brasil, o programa de prevenção foi entregue nas escolas como parte de uma política pública. Escola e professor participaram de forma não voluntária, o que pode ter influenciado o comprometimento”, analisa a pesquisa, que também aponta o alto índice de falta às aulas nas escolas públicas.

Para realizar os programas, os Ministérios da Saúde e da Justiça assinaram termos de execução descentralizada com a Fiocruz. Do termo da Saúde, R$ 4,5 milhões de R$ 40,8 milhões previstos foram gastos no desenvolvimento de tecnologias e com qualificação, não sendo possível especificar quanto se destinou aos programas de prevenção ao uso de drogas. No caso da Justiça, de R$ 19 milhões, cerca de R$ 7 milhões foram gastos com o #Tamojunto e outras duas iniciativas na área de prevenção.

O UNODC informa ter tido acesso às conclusões da pesquisa e não vê os resultados como definitivos: “Novas pesquisas de avaliação do programa estão sendo desenvolvidas para avaliar sua efetividade a partir das adaptações feitas no Brasil e o UNODC aguarda os resultados.”
     
 
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