Notes

[Monarquia, República e o Liberalismo]
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Cada vez mais eu me convenço de que a monarquia parlamentarista e constitucional é um sistema realmente superior a todos os demais. E explico porque:
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1. O monarca tem um papel central, como cabeça do Estado. Ou seja, sua função é o de sustentar as instituições fundamentando-se na imparcialidade e no seu dever constitucional. Sem falar, evidentemente, de seu papel social e cultural, de caráter atemporal. Ele contribui como nenhuma outra instituição pública ou privada na manutenção da identidade nacional.
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2. Crises políticas vão e vem o tempo inteiro, em qualquer sociedade. Mas havendo um monarca impassível diante das pressões políticas, há estabilidade. Governos surgem e governos caem, mas o Estado sempre tem a mesma instituição como Chefe de Estado.
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A esta altura alguém perguntaria: mas o Presidente da República, num regime republicano e parlamentarista, não teria o mesmo papel?
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A resposta é evidente: não!
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O presidente da República, emergindo ao poder através de eleições e facções políticas, sempre terá um pé de parcialidade e de interesses políticos que o afastam de seu papel como imparcial moderador. O próprio George Washington advertiu que as democracias começariam a falhar quando as facções políticas tivessem maior importância nos assuntos de Estado do que o próprio Estado. Há muitas Repúblicas parlamentaristas que podemos usar como exemplo. Em todas elas os arranjos políticos tendem a ser mais complicados do que se parece. É mais fácil um ditador surgir numa república do que numa monarquia. Porque tivemos Hitler na Alemanha, Salazar em Portugal, Franco na Espanha e Mussolini na Itália? No caso especial da Itália, Mussolini apareceu diante de uma monarquia enfraquecida. E na Espanha, a mesma coisa. E justamente diante do enfraquecimento da monarquia, eles surgiram. Em Repúblicas ou monarquias enfraquecidas pelo jogo político, ditaduras são usuais. No caso dos EUA, creio que não é novidade para ninguém que o MONARCA da AMÉRICA vive no Pentágono e é dirigido pela Indústria Bélica. Não seria isso mais anti-democrático do que a existência dum Rei constitucional? É claro que nas monarquias, a política também é tão movimentada quanto em qualquer república. Mas a diferença sutil é que o ESTADO nunca será ameaçado.
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Cremos que as Instituições precisam funcionar por si mesmas. Isso é correto na medida em que saibamos participar delas. Toda instituição do Estado será passível de pressão e influências políticas e financeiras. Neste ponto, a própria Família Real pode ser pressionada a fazer ou deixar de fazer algo. Porém, tendo o Rei (ou Rainha) um papel diminuto na política de governo e sendo a Família Real (ou Imperial) um conjunto de pessoas constantemente observadas pelo escrutínio público, fica MUITO mais difícil pressionar ou manipular os monarcas sem com isso ser notado pela população. Na monarquia, o poder é público. E por isso, é permanente. Golpes acontecem atrás das cortinas da história, não no palco principal, onde tudo é muito mais honesto e muito mais controlado.
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O Rei e seus herdeiros recebem toda a atenção da mídia oficial e não-oficial. É o rosto público do Estado. Para o monarca sustentar sua posição, ENQUANTO INSTITUIÇÃO, precisará honrar diante da população os seus compromissos. Isso dá ao povo um controle direto e efetivo da Chefia de Estado. Como também, aproxima o homem comum do poder. Ao contrário do que muitos republicanos pensam, um monarca e uma família real ligado ao seu povo, é também um elo que aproxima o cidadão do poder que o governa. O sentimento de pertencimento e de identidade aflora e o cuidado com a política é subsequente.
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A Espanha, recentemente, passou por muitas mudanças de governo. E a complicada relação entre as regiões espanholas se mantêm mais ou menos estável por causa da monarquia. Mesmo com recentes escândalos envolvendo a família real espanhola, é claro e notório que a instituição Família Real lidou muito mais honestamente com o problema do que um político o faria. O Rei sabe que, sem apoio popular, toda a monarquia cai. E isso envolve seus filhos e herdeiros. Como não ter maior cuidado e maior zelo pela coisa pública, quando você coloca a serviço público aquilo que de mais privado você tem: a sua vida? Se a Espanha fosse uma República, talvez a Catalunha já teria se separado faz tempo. Talvez a Espanha ainda estaria em um tremendo caos político, semelhante ao Brasil, sem governo e sem solução para sua crise econômica. Na Inglaterra, o Brexit mexeu em todas as estruturas políticas do país. Mas não está havendo nenhuma revolução e nenhum caos absoluto. As instituições funcionam! Com Brexit ou sem Brexit, a Rainha é a Rainha.
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Os gritos republicanos costumam vir das alas mais radicais, seja na Inglaterra ou na Espanha. E no restante do mundo, as alas anti-monarquistas tendem a ser sempre próximas aos extremos, seja do progressismo ou do conservadorismo xenófobo. A quem interessa o fim da estabilidade se não aqueles grupos que podem ganhar algo diante do caos? Isso serve para a extrema-direita e a extrema-esquerda. A Rainha Elizabeth II não apoiou o Brexit e nem apoiou o Remain. Ela manteve-se calada, disposta a continuar exercendo seu papel de Chefe de Estado em qualquer futuro que o Reino Unido viver. Isso é o que considero o papel maior de um Estado. Ser a força atemporal diante de tantas mudanças temporais.
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Obrigado pela leitura!