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A adoção de crianças e adolescentes em debate no Brasil

Desde a Constituição de 1988, a adoção passou a ser um processo onde os direitos como o bem-estar e a educação da criança ou adolescente são mais importantes do que as exigências de quem pretende adotar, que normalmente são as mesmas: recém-nascido e de pele alva. Tais imposições são o que fazem os números de crianças abandonadas nos lares de adoção cada vez maiores, assim como também a grande fila e o longo processo que pode levar anos para ser concluído. Por tal ponto de vista, o assunto precisa ser debatido com cuidado em nosso país, tendo como objetivo uma adoção consciente.
Conforme os dados do Conselho Nacional de Justiça, há atualmente, 47 mil crianças e adolescentes na espera de um lar. Destes, 9,5 mil estão no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e apenas 5 mil estão disponíveis. Contudo, há 44 mil famílias na fila de adoção que procuram por crianças que não existem. Apenas 4% dessas famílias aceitam adotar uma criança maior de 8 anos de idade, assim como há famílias que só adotam crianças brancas, sem irmãos ou sem alguma doença. A realidade das casas de adoção é o extremo oposto da “demanda” criada pelas famílias brasileiras. Do total de crianças cadastradas no CNA, apenas 16% são brancas, enquanto 50% de crianças são pardas e para completar, 53% tem entre 10 e 17 anos.
Convém lembrar que apesar da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de aprovar o casamento civil entre casais do mesmo sexo em 2013, estes se deparam com muitas dificuldades no processo de adoção, mesmo que o processo para pares homoafetivos seja o mesmo para pares héteros. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE (Instituto Brasileiro de Opnião Pública e Estatística) afirma que 55% dos brasileiros acham que casais homoafetivos não devem adotar, dizendo que haverá discriminação na escola, que o papel da maternidade é intrinsecamente da mulher, entre outros. Uma adoção não deve se basear no estado civil de uma pessoa, mas sim em seu caráter e em seu comprometimento com essa criança.
Em suma, acredito que acelerar o processo de adoção não será uma opção, pois estamos estabelecendo laços humanos para toda a vida de uma família, mas sim dialogar sobre as exigências irrealistas quando em busca de uma criança ou adolescente, assim como também campanhas e palestras desenvolvidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) sobre o tema, conscientizando os brasileiros sobre o conceito de família. Vale ressaltar também a importância da educação sexual nas escolas, que podem evitar muitos abandonos e sofrimento. Talvez assim, alcançaremos um Brasil melhor e mais consciente.