Notes

Quando eu saí do Hospital, Bárbara estava na porta, do outro lado do vidor me esperando com aquele sorriso doce que ela tinha. Eu, meio que sem saber o que tinha acontecido fiz uma cara de "o que foi, sua louca?!" e soltei outra risada junto. Bárbara e eu éramos assim: trocávamos risadas, segredos e até havia aberturas para algumas discussões mais "venenosas". Teve um dia que nós discutimos sobre algo - que não me lembro agora - e ficamos por quase uma semana sem se falar.
Mas agora nós éramos melhores amigas, por assim dizer, e naquela manhã de sexta-feira . Bárbara me convidara noite passada para uma exposição de artes no centro da cidade. Eu estava há dois meses na cidade mais populosa do estado e, claro, não tinha me acostumado com os lugares, as praças - bem mais cheias de cimento do que de verde! -, o ar - mais poluído do que o interior - e os enormes prédios espelhados, estáticos de todos os lados por onde eu passava - como se eles viessem na minha direção e me apertassem contra o chão ao caminhar pelas ruas e avenidas de São Paulo.
- O que foi Bárbara? - soltei quase como um grito para aquela moça-mulher. Ela já tinha passado dos 27 anos. A gente até brincava como o tempo passou - passava - rápido.
- Oi, amiga! - Bárbara andou rapidamente na minha direção e me puxou pelo braço.